Minhas últimas semanas foram bem atribuladas, daquelas que não dá tempo de parar e pensar no que se está fazendo. Tudo corria bem, até que eu comecei a me sentir desconfortável. Um desconforto que ia além do fato da minha garganta estar inflamada.
Diante do desconforto, tentei de todas as formas possíveis me distrair, e mudar a energia, que eu percebi que estava em um nível abaixo de zero, a ponto de eu sentir dificuldade em realizar as atividades mais corriqueiras.
E foi num insight, de noite, sozinha em casa, que percebi que eu estava triste. E me vi, por instantes, fazendo parte daquele cada vez mais extenso grupo de pessoas que não se permitem estarem tristes, que passam por cima dos seus próprios sentimentos como se fossem um trator. Afinal, felicidade é uma escolha – eu mesma vivo dizendo isso.
Então quer dizer que tristeza não pode? Quer dizer que temos que sorrir, seguir em frente, mesmo que isso signifique passar por cima de tudo o que está em pedaços dentro da gente?
É claro que não.
Defendo sim que as emoções positivas devem ser prioridade, mas tem dias que a tristeza simplesmente nos convida para entrar. Ela já está lá dentro e o fato de você querer entrar ou não, também é uma escolha.
De certa forma amedrontada, mas tendo isto como uma última tacada, tirei meus sapatos, e gentilmente entrei na sua morada. Eu acho que a tristeza tem morada dentro da gente, também. Com coragem, me entreguei à vulnerabilidade do momento, e resolvi lidar honesta e autenticamente com a dor do meu coração.
Como recompensa, derramei rios de lágrimas e pensei em tudo o que eu não estava gostando, na minha vida, e pensei em todas as coisas que eu faço por vontade dos outros, e pensei em todas as notícias chatas que eu havia recebido, e pensei em todos os meus medos, desde aqueles que ainda me paralisam, até aqueles que não mais me paralisam, mas quase.
E então eu percebi que sim, que eu tinha todo o direito de me sentir assim e pude ser muito grata por ter me permitido viver aquela experiência. E enfim me integrei ao grupo das mais de 7 bilhões de pessoas que habitam o mundo, e que têm seus dias de tristeza.
Ufa, que alívio!
Todos sentimos tristeza. Acontece que vivemos em uma sociedade onde a tristeza é inaceitável, e as redes sociais são a principal testemunha: todos são felizes, sorridentes e bem sucedidos. A grama do vizinho parece estar mais verde, mas tudo bem, na foto estou sorrindo também.
Onde há lugar para a tristeza? Sinto informar que ela existe, e está tão dentro de você, quanto de mim.
A experiência da entrega à tristeza, de estar vulnerável ao que se sente, sendo bom ou ruim, é uma bênção, um bálsamo. Faz parte. E fazendo isso, estamos nos oferecendo uma oportunidade única de ver e viver a vida de forma mais autêntica, sem defesas ou muros que nos afastem da nossa própria natureza.
Se você perceber que a tristeza está te convidando para entrar, gentilmente tire os sapatos, e entre. Permita que ela flua em você, e, livremente se despeça. Ela mesmo vai embora. Estar triste às vezes faz parte de uma vida plena e feliz, desde que seja uma escolha consciente.
Elisa Z. Chies é empreendedora, coach e psicóloga, apaixonada por desenvolvimento humano. Nascida em Caxias do Sul/RS, se mudou para Salvador, aos 20 anos para viver um grande sonho. Aos 27 montou sua primeira empresa e segue vivendo, cheia de ideias. Acredita que a união de empreendedorismo com amor é capaz de mudar o mundo, e que é possível sim trabalhar e se divertir ao mesmo tempo.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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