Eu particularmente sempre nutri profundo interesse e admiração pela simplicidade com que povos nativos transmitem ensinamentos profundos. Mas, ocidental que sou, para re-transmitir tais ensinamentos – ou até mesmo para traduzi-los para minha mente ocidental-complexa-neurótica – logo resolvi complicá-los. Pois é assim que ocidentais entendem, complicando o que é simples (dissecar o todo em partes, viva Descartes!).
Se o Zé-ninguém fosse restrito ao outro, seria fácil dar-lhe um chega pra lá e tirá-lo do caminho, mas o problema é que o pé-de-breque que mais atrasa o seu lado é você mesmo, meu caro.
Se já qualificamos o meliante que nos sabota, agora vamos para o outro lado da ponte. Geralmente soterrado pela avalanche de zés-ninguém que, reforçados por velhos modelos culturais, encontra-se um manancial de força realizadora e habilidades pouco – ou nada – utilizadas que têm o poder de promover sua vida da condição de uma “vidinha” regular à de uma existência plena de propósito e SENSAÇÃO DE ESTAR VIVO (isto que os existencialistas chamam de ‘sentido’).
Sim, porque crise é sinônimo de oportunidade de mudança, de crescimento, da lagarta virar, enfim, borboleta. O Coiote é a voz da coragem que brada por debaixo dos escombros, dos restos mortais do nosso euzinho medroso e sem autoconfiança que se conforma em continuar sob as mesmas e velhas circunstâncias de sempre, sobrevivendo de migalhas.
Eu e você que está lendo estas palavras com certeza absoluta nascemos fisicamente, mas não temos a mesma certeza se já nascemos de fato espiritualmente. E é disso que se trata o Coiote: ele é o peregrino que cruza o portal do nosso nascimento espiritual.
Da mesma forma que, quando viemos ao mundo, esperneamos, gritamos e nos lambuzamos em contrações de sangue, suor e lágrimas, o nascimento espiritual não promete assepsia e tranquilidade. O nascimento espiritual da consciência é invariavelmente, da mesma forma que o primeiro, doloroso e traumático, produzindo em nós resistências e impulsos sabotadores de desistência…
Eu mesmo estou há anos às voltas com o meu segundo parto, fazendo força, gemendo e sangrando para dar à luz minha verdadeira natureza – que não sei muito bem qual é, mas vou descobrindo e me maravilhando mais e mais a cada passo, a cada vitória e a cada fracasso.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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