Questionar vem revestido de motivação. Pare um segundo e pense na sua cara ou de alguém que você conhece quando faz uma pergunta. Não tem um quê de peteca no ar, de expectativa? E a sua respiração, não fica aquele ar represado no alto dos pulmões esperando pra sair num suspiro tipo, “Ah, tá…!” Pois bem, é esta inquietação que move o empreendedor, também. Repare na próxima vez que você fizer uma pergunta se não te dá vontade de ir seguindo ela, caminhando em seu rastro pra ver se ela vai encontrar um pote de ouro.
Quando buscamos uma resposta ou tentamos resolver um problema, é essencial fazer muitas perguntas (boas, claro). Se passamos pouco tempo refletindo, analisando e questionando, a tendência é partir para repostas e soluções com base apenas em nosso ponto de vista ou qualquer outra visão parcial do problema. Convenhamos, se você tenta resolver um problema conhecendo só um pedaço dele, que chances você tem de resolvê-lo como um todo? Faça perguntas sobre um problema (aqui você pode ler também ‘oportunidade’) como se estivesse escavando um tesouro enterrado, porém frágil. Se você empurrar a pá com muita força sobre ele ou tentar puxar sem saber quanto ainda está enterrado, provavelmente o quebrará antes de conseguir alcançar sua riqueza. Procure conhecer os limites, a dimensão a profundidade de seu tesouro enquanto cava.
Vou confessar uma coisa – assim a gente vai se conhecendo melhor – eu gosto de comer bem. Você também? Então você vai me entender. Meu momento de maior felicidade é aquele meio segundo entre a primeira garfada e a delícia da vez chegando na boca quando todos os meus soldados papilares estão armados e alinhados como antigos espartanos. A água na boca, o cheiro preenchendo o ambiente, a textura, o visual e, claro, o sabor que segue parece que param o tempo. Já aconteceu com você, né? Mas, o deleite acaba conforme ficamos satisfeitos. De barriga cheia, nem a mais apetitosa iguaria nos faz levantar do sofá. Em outras palavras, uma atitude de curiosidade é uma forma de estender aquele momento de felicidade, a ansiedade por saber, a descoberta, a mobilização de todos os sentidos em favor de um único foco. Invista em mais momentos assim do que em momentos de satisfação. A satisfação vai se alternar naturalmente com a curiosidade, mas a curiosidade deve vencer sempre.
Com o tempo chegamos a acreditar que já vimos de tudo, que já conhecemos muito. Talvez sejam nossas estruturas emocionais e cognitivas querendo caminhar para a segurança, talvez seja puro e simples cansaço e acomodação. Eu gosto de acreditar que é a atitude conformista que envelhece. Acredito que como a água, precisamos de movimento pra nos livrar do que nos faz mal. A água estagnada envelhece, apodrece. A água em movimento se limpa, filtra, se torna cristalina e, por fim, quebra barreiras, avança, gera vida. Uma boa atitude investigativa faz o mesmo conosco. Liberta das correntes do conforto, movimenta diante de obstáculos, apresenta oportunidades. Pense no cérebro como um músculo e na arte de fazer perguntas como a melhor ginástica para ele.
Mais uma curiosidade sobre mim: eu gosto muito de filosofia. O grande filósofo Sócrates sabia tanto do valor de boas perguntas que fundamentou sua arte sobre elas. A maiêutica, como chamava sua abordagem filosófica, era entendida como uma forma de ‘dar à luz’ ideias e conhecimento por meio de perguntas, de diálogo. Ele entendia que é possível descobrir muito sobre o o mundo investigando o indivíduo. Partindo de perguntas simples e uma atitude reflexiva, insatisfeita, podemos aprender muito com as relações entre indivíduo, sociedade e universo. E veja bem, eu falei em aprender com as relações, não com as coisas. Mas, isto já é outra conversa. Mais pra frente, talvez?
Quem sempre tem respostas, mais cedo ou mais tarde se torna arrogante. Pessoas com muitas respostas são aquelas que sempre querem terminar as conversas, vencer argumentos, receber reconhecimento. Ninguém gosta de seguir pessoas arrogantes.
Assim, fica aqui meu convite para você. Na próxima vez que achar que já tem as respostas, faça mais uma pergunta. Duvide do que você conhece, duvide das fórmulas, dos caminhos já trilhados, dos atalhos para o sucesso. Quem sabe uma boa pergunta não te leva a um novo lugar, uma nova experiência, uma nova oportunidade? Como empreendedor, que tal investir em boas perguntas?
Guilherme Sarkis é um encantador de audiências. Empreendedor com negócios nas áreas de educação, tecnologia para educação, coworking e gastronomia. Coordenador do Social Good Brasil Lab em Florianópolis, programa de desenho e prototipagem de inovação social. Co-organizador do Startup Weekend e TEDx em Floripa e co-fundador do 180 Hub.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
Join our mailing list to receive the latest news and updates from our team.