Acabo de sair de uma reunião com um dos sócios do escritório, quando ele tocou no meu ramal eu já pressentia que a conversa não seria só mais uma conversa sobre clientes em atraso, faturamento pendente e etc. A conversa era sobre meu tempo no escritório afinal já estou há mais de um ano aqui e deveria apresentar resultados.
Hoje, hoje que 1:15 da manhã a babá da minha filha me mandou uma mensagem dizendo estar com dor de estomago e que não viria hoje, hoje que estou com falta de ar, hoje que vim para cá pensando nessa equação controversa que é TERCEIRIZAR um filho, deixar com a babá, com a escola, com a vó…
Vou confessar, ele tem razão na maioria das coisas que me disse, confesso que quando me divorciei em maio, meu corpo seguia a rotina de vir trabalhar todos os dias mas minha mente e meu coração estavam em outro lugar, aliás em outro nem sei o que porque teve dias que eu nem sei como cheguei aqui.
Quando eu quis argumentar recebi a resposta clássica: TODOS NÓS TEMOS PROBLEMAS.
Minha vontade foi de perguntar sim, mas desde quando nos tornamos seres insensíveis a eles e ao outro ser humano eu não sei dizer.
Neste momento, fiz uma reflexão sobre a chefe que eu sou, fui e quero ser. Não gosto muito daquela que fui. Gosto de quem eu sou hoje e honestamente não sei se quero ser chefe, gerente ou diretora no futuro. Eu quero cuidar de gente, quero estar com minha filha, quero ser livre, descobri que sou humana, não sou um nome no cartão de visita, uma sigla, um número, uma placa na porta da minha sala.
Enquanto ele falava, eu ouvi mas diferente das outras vezes em que eu tentaria com unhas e dentes defender meu emprego, meu salário, meu vale refeição e meu seguro saúde, eu refleti e disse que precisava fazer uma reflexão de vida e não somente do meu trabalho, que talvez a falta de resultados apresentados sejam a minha descrença neste processo que acredita em horários rígidos, na obrigatoriedade do uso da gravata, em elevador separado para os sócios, em placas na porta, em salas sem janela, em piadinhas machistas e sexistas, talvez eu não apresente resultados porque eles não existem, porque não sou um número, sou uma pessoa que fica 12 horas longe de casa, longe do meu bem maior que é a minha filha.
Confesso que deixei a sala com coração acelerado, não sei o desfecho dessa conversa ainda mas sei que não posso me enganar e não ser sincera com a minha verdade.
Chamei minha equipe e me abri como nunca tinha feito, falei que quero sair deixando um legado, e que entendi que esse legado seria mostrar quem sou eu e o que eu penso e abri meu coração, chorei até e disse que eu queria que soubessem o quanto eu gosto de trabalhar com eles e esse era meu maior retorno e o bem maior que eu ia levar, aquilo que aprendemos e que conquistamos juntos.
Honestamente estou muito cansada para pressioná-los por resultados e procedimentos que não fazem sentido, porque não posso defender algo que não sentido para mim.
Seja lá o que acontecer, entrego nas mãos de Deus, certa de que o melhor irá ocorrer em minha vida.
Uma frase que eu li, não sei o autor, mas nunca esqueci: NOSSO MAIOR PREDICADO É O SERMOS HUMANOS, ENTÃO SEJAMOS HUMANOS.
Vera Bernardo ainda está usando um pseudônimo, mas está muito perto de quebrar o crachá e rasgar o cartão de visitas. Ela é uma daquelas que queria chegar lá, chegou e não viu absolutamente nada. Devoradora de livros, mãe, mulher, escreve desde pequeninha e só agora perto dos 40 descobriu que estava certa desde os 7. Acompanhe seus desabafos na página Pecados Corporativos.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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1 comentário. Deixe novo
olá Alana! achei muito interessante sua proposta. Como também estou recalculando minha rota acredito que a sua experiencia vem acrescentar bastante ao meu conhecimento. Grata.
Ângelamaria