* Por Alana Trauczynski em 27 de junho de 2016.
O grande perigo de ser uma pessoa pública que vira uma espécie de mentora ou inspiradora de outras pessoas é, de repente, você realmente assumir esta máscara e achar que não pode agora se expor de algumas formas porque isso irá arruinar a sua imagem e/ou a sua reputação. Eu sempre fui destruidora deste pensamento, mas creio que, de alguma forma melindrosa e disfarçada, mesmo assim ele se instala em mim de tempos em tempos… E me pego evitando de escrever certas coisas, de me expor de certas formas, começando um post e parando na metade… talvez até nem por vontade própria ou intenção e mais porque a projeção das pessoas de um ser iluminado e imaculado e de uma vida perfeita e maravilhosa às vezes é tão consolidada que eu me sinto apreensiva em arruiná-la. As pessoas querem muito acreditar que alguns têm a destreza de caráter que jamais tiveram e vida de sonhos que jamais terão, até para justificar sua estacionada em muitas zonas de conforto. “Ah, eu ainda não estou neste nível de evolução” ou “nem sei se é possível pra mim um dia ter essa vida, eu não sou bom o suficiente”.
Consolidando o compromisso muito maior que tenho com a autenticidade do que com a criação de ilusões prejudiciais, venho por meio deste dizer que não quero ser mais uma “coachinha” que prega verdades parciais e omite suas sombras, suas falhas, suas incongruências. Percebo como realmente fortalecedor do estado evolutivo aquele que justamente tem a coragem de se expor aí, em seu lado fraco, em sua mesquinharia, em seu medo, em sua mediocridade.
Já estamos todos fartos de lições de moral, frases motivacionais, produtividade eximia, fotos montadas, bracinhos cruzados, vidas “bem sucedidas”. Onde está a humanidade, a verdade, a vida real por trás desta imagem construída? Toda essa demonstração de perfeição está mesmo ajudando os outros ou só faz com que se sintam ainda piores por não chegar nem perto de algo parecido?
Eu estou longe de ter uma vida perfeita e, por mais que tenha percorrido um grande caminho de desenvolvimento, me vejo ainda presa em novos estados de ignorância.
Percebo minha humanidade vil, toda a podridão que ainda carrego em meu coração, minha incapacidade de sublimar coisas mundanas, minhas limitações egoístas. Percebo que ainda que tenha chegado aonde acreditava ser a minha vida dos sonhos, o trabalho interno continua e esta vida me impõe diversos novos desafios aos quais não estava acostumada, e estes continuam trazendo a tona a necessidade de novos passos, me fazendo sentir imperfeita e incompleta, fazendo com que a evolução novamente urja.
Até vislumbro a mulher infinitamente melhor que realmente desejo ser no espelho, mas ainda não consigo vestir completamente sua pele, a não ser por breves momentos de real inspiração. Há também os dias em que peço perdão e misericórdia por ser ainda tão absurdamente ignorante.
Não podemos deixar de lembrar que somos humanos, e estamos todos conectados, compartilhamos sentimentos, inconsciente coletivo, ondas energéticas. Sendo assim, a onda que passa pelas pessoas que se sentem miseráveis também passa por mim, e eu precisaria estar realmente muito autocentrada e desconectada do resto do mundo para ficar pagando de deusa-sublime-vida-perfeita. O caminho evolutivo é, de certa forma, também se perceber cada vez mais sensível para a dor alheia, absorver estados de espírito, perceber sutilezas e nuances energéticas. Sendo assim, de tempos em tempos, também me deixo levar por correntes de tristeza, fluxos de depressão, marolas de desamor. Talvez a única diferença seja um “eu observador” bem ligado, que vai tendo consciência de tudo e conhece a via de retorno ao caminho reto. Via esta que passa por infindáveis turbulências…
Então fica a reflexão: não é sendo mais um “bem sucedido” que você vai se destacar hoje em dia… e sim sendo um corajoso, honrado o suficiente para expor a sua verdade, por mais feia e dolorida que ela seja. Esta sim será um quitute de alivio para corações ansiosos neste mar de inspiração falsa e montada.
Imagens: Google, Google, Recalculando a Rota.
Alana Trauczynski é nômade digital, autora do livro “Recalculando a rota: uma louca jornada em busca de propósito” e criadora do Programa Recalculando a rota, um curso online de autoconhecimento e mudança de mindset para pessoas que querem recalcular a rota de suas vidas para um futuro mais brilhante e fluido. Para conhecer melhor seu conteúdo, curta sua página no facebook.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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