Os pessimistas são como âncoras, mas não no sentido de firmeza, força, proteção e estabilidade. Eles prendem pessoas criativas, cheias de energia e loucas para flutuar (ou voar, como as águias) num lugar ou situação desagradável, e como areia movediça, que nunca está a nosso favor, cada vez mais nos empurram pra baixo, rápido ou lentamente, porém cedo ou tarde nos afundam. E o fundo desse poço quase sempre é uma vida maçante, infeliz, sem propósito e recheada de sentimentos negativos, que só nos prejudicam e nos distanciam de nossa verdadeira essência.
Eu já tive uma amiga assim: reclamava do sol, da chuva e do mormaço. Do frio, do horário de verão e da crise. Do desemprego, da Constituição e de todo mundo – e reclamava de mim pros outros, obviamente. Convivi durante sete anos muito próxima dela, e resolvi me afastar quando percebi que estava sendo prejudicada emocionalmente e o quanto eu estava me tornando, pasmem – uma pessoa parecida com ela.
Antes eu comia os livros, e estava deixando de estudar porque comecei a acreditar que pra se conseguir um bom trabalho era preciso sorte, e que ela determinava absolutamente tudo. Tinha sorte no jogo (sempre ganhava uma rifa de urso, um sorteio de ingressos pra micareta, um bingo de eletrodomésticos) – e contava com o absoluto azar no amor, com a solidão infinita, pois não poderia me dar bem nas duas coisas. Acreditava piamente em karma, destino (no pior sentido que puder ser atribuído a essas palavras) e deixava literalmente a vida me levar, ao embalo do Zeca Pagodinho. E ela foi me levando. Para lugares e situações que eu não gostei nem um pouco. Mas quem disse que eu sabia para onde queria ir, e o principal, que eu estava caminhando em direção a isso, mesmo que a passinhos de tartaruga?
“Se não sabes a que porto te diriges, nenhum vento lhe será favorável”. Essa frase do pensador Sêneca foi uma das grandes propulsoras de mola no processo de mudança do meu sistema de crenças internas (e isso é um trabalho cíclico, contínuo). Um belo dia, me dei conta de que o navio que embarquei – o pessimismo – só fazia naufragar, e eu afundava cada vez mais. Foi quando decidi mudar. E fiquei questionando como faria para abandonar ideias tão destrutivas, sendo que eu tinha ao meu lado a “destrutividade” em pessoa (da própria vida e da vida de quem a cercava). Teria que romper a amizade? Nunca mais falar com ela? Ser cruel? Jogá-la da janela?
É, eu não sabia de nada e era inocente. Mas busquei a ajuda de pessoas qualificadas para tentar resolver essas questões que tanto me afligiam. Sempre tive o maior receio de magoar alguém – era do tipo que abraçava o mundo e absorvia tudo de quase todo mundo que me rodeava. Mas descobri que isso não era saudável. E que ser boazinha e sociável demais era bem menos divertido e recompensador do que parecia. Na verdade, é cansativo pra caralho. Você fica sem energia, pois todo mundo que chega perto te suga um pouco.
A terapia e vários trabalhos de autoconhecimento foram necessários para que eu percebesse que não era preciso abandonar completamente a minha, até então, amiga – apenas não entrar em sintonia com os seus pensamentos seria suficiente. Teve distanciamento por um tempo? Teve. Houve conflitos e discussões? Demais, porque eu passei a questioná-la em vários aspectos. Batemos de frente inúmeras vezes. Cheguei a pensar que nunca mais falaríamos com a outra. Mas o tempo se encarregou se ajustar a nossa relação e hoje somos ótimas colegas – nos respeitamos muito mais que antes, mesmo tendo perdido a intimidade. Mesmo discordando em quase tudo.
Se você quiser prosperar na vida, não tem jeito: vai ter que abrir mão. Do pessimismo, das expectativas de vida que papai e mamãe projetaram sobre vocês, de algumas amizades (infelizmente é um mal necessário), das cobranças da família e da sociedade. Vai ter que se perguntar: “quem eu quero ser? O que eu quero para minha vida, afinal? O que é prosperidade pra mim?”, arregaçar as mangas e lutar pelo que deseja, ignorando todos os burburinhos, o estardalhaço, as opiniões alheias não solicitadas e principalmente, dê um chega pra lá na negatividade. O que os outros pensam e falam são apenas a opinião dos outros. E você não é os outros. Lembre-se sempre deste ditado popular: quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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