Esses dias alguém postou o seguinte comentário em uma rede social: “Torço pela felicidade dos outros. Gente feliz não enche o saco.”
Será? Além disso, dá pra ser feliz o tempo todo?
Se você precisa tentar ser legal, você nunca vai ser legal. Se você precisa tentar ser feliz, então você nunca vai ser feliz. Talvez o problema nos dias de hoje é que as pessoas estão tentando demais e sendo de menos.
Eu costumo encher o saco quando estou feliz e também quando estou me sentindo um saquinho de estrume. Isso não depende exclusivamente de VOCÊ, mas sim de como as pessoas reagem aos nossos ‘repentes’ de felicidade extrema ou agonia infinita. Se você acabou de levar um pé na bunda, é bem provável que não consiga ficar nas nuvens ao descobrir que a sua melhor amiga vai se casar com o homem dos sonhos. Isso não tem a ver com ela, tem a ver com você. A felicidade dela, nesse exato momento, pode ser um porre pra você. Se você acabou de ser despedido e recebe uma notificação do LinkedIn para parabenizar fulano ou beltrano pela promoção, ahhhhh…tá de sacanagem, né?
A felicidade, assim como outras emoções, não é algo que você compra, mas sim algo que você vive. Quando você está puto da vida e arremessa um vaso contra a parede, você não está consciente sobre o seu estado de raiva. Você vive a raiva. Você é a raiva. E então ela se vai.
Isso significa que a felicidade não é alcançada por si só. Ela é o efeito colateral de um conjunto de experiências que temos na vida. Isso confunde muito as pessoas, especialmente porque a felicidade é muito comercializada nos dias de hoje. Compre X e seja feliz. Saiba Y e seja feliz. Mas você não pode comprar a felicidade e você não pode alcançar a felicidade. Ela apenas é. Provavelmente, você conhece alguém que parece estar sempre absurdamente feliz, mesmo que o mundo esteja desabando. Mas será que essa felicidade ininterrupta é genuína? Negar as emoções negativas leva a emoções negativas ainda mais profundas e prolongadas. A realidade é simples: merdas acontecem. As coisas vão mal. Tem gente que não dá pra levar na esportiva, simplesmente porque algumas delas são chatas de carteirinha. A gente acorda de mau humor, escorrega e cai de bunda. Nessa altura do campeonato, as emoções negativas já estão pipocando…
Tem muita gente por aí escrevendo coisas na linha “seja sempre positivo.” Não me entenda mal. Eu sou uma pessoa positiva, faço parte da turma do copo meio cheio e tudo o mais, mas acredito que o equilíbrio seja a base de tudo. O mundo não é uma floresta encantada cheia de elfos, fadinhas e gênios da lâmpada, mas também não é uma pilha interminável de lixo. Se o seu nível de felicidade está sempre no máximo, não importa o que, então, meu amigo, você deve ter lido Pollyana um pouquinho demais da conta e precisa de um choque de realidade. O mesmo para quem acha que tudo está perdido e que só estamos aqui para sofrer.
Eu acho que parte do fascínio por essa positividade obsessiva é o caminho que estamos trilhando. Acho que parte dessa felicidade toda se deve aos comerciais de margarina, com aquelas famílias funcionais perfeitas sorrindo o tempo todo, ou a moça que acabou de menstruar e sai de calça branca pelas ruas da cidade com cara de quem ganhou na loteria, ou mesmo a imensa indústria de autoajuda que quer que você pense que há algo errado com você o tempo todo.
E é por isso que a felicidade é tão fugaz. Não importa onde você esteja na vida ou o que já tenha alcançado: sempre haverá ‘mais uma coisinha’ que você precisa fazer para ser um pouco mais feliz. E depois, um pouco mais… e um pouco mais…percebeu?! Isso porque o nosso ideal está sempre três passos à nossa frente. O que importa não é se vamos ou não alcançar cada um dos patamares de sucesso, e sim o fato de estarmos sempre em movimento em relação a eles.
Gente feliz também enche o saco, sim. Torcer ou não pela felicidade alheia não vai mudar isso, então encontre outro motivo para torcer por eles ou, se não sentir a “vibe”, simplesmente não torça.
Angélica Silva é uma buscadora. Eu sempre digo que o maior problema dela é ser parecida demais comigo (Alana), o que me confunde nos textos. Não sei qual é de quem! Uma mulher que se joga na vida com coragem, é autêntica, divertida e se reinventa a cada momento. Boto fé! Ela escreve também no seu blog pessoal Assim com a fênix. Confira!
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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