* Por Dulcineia Santos em 18 de setembro de 2017
Esta semana eu tive três conversas com pessoas diferentes sobre a sua luta na busca por um trabalho com propósito.
Essa é uma questão que vem assombrando muita gente já há algum tempo.
Por um lado, isto mostra a evolução da consciência. Mostra que as pessoas não estão mais se contentando em trabalhar como autômatos: entrar no escritório, bater cartão, ganhar o salário. Elas querem fazer diferença, querem ter claro qual é o seu papel na evolução do mundo, e querem fazer isso com liberdade.
Por outro lado, isto está trazendo mais frustração. Simplesmente mudamos o foco da angústia: passamos de trabalho sem propósito para encontrar um propósito.
As pessoas estão procurando por respostas e por gurus, lendo, fazendo cursos, gastando dinheiro e saindo sem resposta.
Eu também me debati durante muitos anos com isso: o trabalho que “deveria” dar propósito à minha vida não estava cumprindo o seu papel. Eu me frustrava também por não conseguir ajudar outras pessoas na busca pelo seu próprio propósito.
Até que apareceu o livro do Eckhart Tolle, O Poder do Agora, e uma frase acendeu uma luz. Em uma conversa com outra pessoa sobre o assunto, ele diz: “seu propósito é se sentar aqui e conversar comigo, porque é isso que você está fazendo agora”.
E eu me senti livre.
O segredo do sucesso desta frase está em sua simplicidade, em quão direta ela é – nada de: “a resposta está dentro de você, Lucky” – mas principalmente na realização de que o propósito está no presente, não no futuro.
Nós ficamos “buscando” um trabalho com propósito, ao invés de olharmos o que temos hoje – nossos dons, nossas possibilidades e nossa realidade presente, muitas vezes abençoada, mas tão ignorada por nós porque estamos com os olhos no futuro.
Nós buscamos um trabalho com propósito ao invés de colocarmos propósito em seja lá o que estamos fazendo: contabilidade, cuidar das crianças, almoxarifado, dirigir uma empresa, estudar, bloggar, não importa.
A outra coisa é o quão obcecados ficamos em achar que o propósito está obrigatoriamente ligado ao trabalho. É aquela coisa de apostar todas as fichas no mesmo cavalo, e aí quando ele fica uma cabeça pra trás, está lá você perdido de novo.
Você pode achar um hobby com propósito. Um trabalho voluntário com propósito. Um estudo com propósito. Ser um artista, um palhaço com propósito. Ter uma conversa com um amigo com presença e propósito. Escrever sobre o que pensa com propósito. Limpar a casa com propósito: o de prover um lugar aconchegante pra você e pra sua família.
Quer uma coisa mais próxima do seu espírito, da sua essência, do que fazer uma pequena ação que te faça sentir que fez a diferença, que te faça sentir pleno? Por que isso não é considerado propósito? Por que o seu propósito tem que durar 8 horas diárias? Por que o seu propósito tem que pagar suas contas? Por que tem que ser uma coisa só?
Aliás, o que significa propósito pra você? Esqueça a definição do dicionário, ou o que você leu no site do Prem Baba. O que daria sentido à sua vida? O que você gostaria de fazer que põe um sorriso imenso no seu rosto quando você pensa a respeito, antes do medo tomar conta ou de você pensar “o que vão pensar de mim”?
Como você se sentiria quando fizesse?
A escritora Brené Brown diz que ela quer ser: “inspiradora, contemplativa e criativa”, e que usa isso como critério pra escolher as coisas que ela quer fazer. Faça a sua lista.
Vai aí uma fase do teólogo Howard Thurman, pra te inspirar: “Não pergunte do que o mundo precisa. Pergunte o que te faz sentir vivo, e vá fazer. Porque o que o mundo precisa é de gente que se sinta vivo”.
Chega de zumbis.
Imagens: VisualHunt, Kristin Maling via VisualHunt / CC BY-NC-ND, Google, Google.
Dulcineia Santos é terapeuta multidimensional, life coach e praticante certificada da ferramenta MBTI® de tipos psicológicos. Acredita que a vida é cheia de lições, e que se não as aprendemos não passamos pro próximo nível do jogo. Saiu de casa cedo e foi morar no mundo – agora está na Suíça, onde estudou antroposofia por três anos. Gosta de tomar cerveja no boteco enquanto papeia, de aconselhar, da língua portuguesa, de cozinhar, de ficar só e de flexibilidade de horários. É esotérica, mas acha que estamos encarnados pra viver as experiências terrenas com o pé no chão – de preferência dançando. Junte-se a ela e ao seu grupo do Facebook: Cura de Amor, clicando aqui.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
Join our mailing list to receive the latest news and updates from our team.
5 comentários. Deixe novo
Que texto incrível!!!!
Obrigada, Marina!
Adorei!!!!!
Obrigada, Natalia!
Identifiquei depois de muito sofrimento que, pelo menos pra mim, o propósito tem que estar minimamente ligado às várias coisas que compõe nossa vida, nossa rotina… Talvez não adiante estar em um trabalho voluntário uma vez por semana, ou com a família, e estar atuando mais próximo do seu propósito nessas duas atividades, se o trabalho das 10, 11 horas por dia está num caminho totalmente oposto… Também percebi que é importante se desligar do propósito dos pais pra encontrar o nosso. Ainda estou na busca, mas esse caminho parece bom…