Quando escutamos a palavra “viagem” logo vem na mente aquele conceito de férias, lazer e descanso. Sempre foi assim. Hoje, o ato de transportar-se de um ponto a outro distante, não é somente o que se faz nas férias ou nos feriados. Mais e mais pessoas tem descoberto um novo significado para o termo viajar através de outras que estão em roaming pelo mundo buscando não só desestressar como também autoconhecimento e vida mais saudável, em todos os sentidos. Acredite, viajar é essencial tanto quanto comer para crescer.
Viajar é sempre um grande aprendizado. É crescimento pessoal; não apenas intelectual. Viajar transforma nossa visão sobre todas as coisas. Essencial para adquirir conhecimentos que não se aprende em nenhuma faculdade de nenhum país. Viajar é fazer um curso de Graduação em Vida. Uma viagem nos instrui sobre aspectos fundamentais da vida que a escola não ensina, que nossos pais não ensinam e, principalmente, nenhuma espécie de interação digital ensina. Se você quer realmente saber como isso tudo funciona pare agora mesmo de ler este texto. E simplesmente viaje! Caso não possa fazer isso agora, então pense onde você quer ir na próxima oportunidade. Coloque essa energia para fluir.
Mesmo que turística, a viagem nos leva para fora da rotina normal. Ela nos insere em novas situações a todo momento, exigindo nossa interação com o mundo, inevitavelmente. Assim, expandimos nossa consciência sobre quem somos e o lugar onde vivemos. Se não nos movimentamos não sabemos qual será o próximo passo, a não ser quando partimos para outro destino. Não temos a noção real do que é a geografia do nosso planeta enquanto não chegamos fisicamente aos locais que conhecemos apenas através de mapas e fotos, por exemplo.
O simples fato de visualizar determinada paisagem no local, ao vivo, faz crescer nossa noção de tempo e espaço. Nenhum aprendizado ou simulado consegue desenvolver isso. Porque isso é movimento, é processo natural de expansão da consciência. É o reconhecimento da harmonia que temos com tudo e todos. A cada local novo que você conhece, novas áreas do seu cérebro são estimuladas. E isto é evolução. É estar em sintonia com o Universo, com a existência. Você passa a saber de verdade que existem animais e plantas que você só via nos livros, temperaturas que imaginava nunca sentir, sensações diferentes que seu corpo não estava acostumado a sentir. Tudo vai te trazendo de volta a um estado de pertencimento da natureza. Traz o sentimento de que você não é separado dela; você é parte.
A gente não tem noção real do comportamento das pessoas de outras nacionalidades enquanto não somos apresentados pessoalmente a elas. Mais importante ainda é conhecer a história dessas pessoas. Conhecer a história de pessoas de diferentes países é aprender na prática como elas vivem. É entender como vivemos e nosso próprio comportamento. É adicionar em nossa personalidade mais aceitação das diferenças. Você pode encontrar histórias trágicas de vida que nem imaginava ser possível existir, como também, histórias e maneiras de ver as coisas que amenizam as nossas tristezas. Repensa seus pontos de vista, além de compartilhar a sua própria história. Todos se beneficiam nesta troca.
Durante minha estada aqui na Nova Zelândia já tive contato com pessoas de mais de vinte nacionalidades diferentes até agora, das quais suas histórias são transformadoras. Um garoto que aos treze anos chegou aqui sozinho refugiado do Sri Lanka e hoje com seus vinte anos vive feliz da vida. Mulheres que saíram do Afeganistão e vivem livres aqui no país. Entre várias outras. E claro, histórias muito felizes também de gente que se casou por aqui e que são de nacionalidades muito diferentes, com culturas de grande contraste também. Ou seja, ao invés de se isolarem em grupos e panelas continentais, decidiram criar laços incontestáveis de união de raças e credos. Colocaram seus pés na estrada e suas as asas no céu para entenderem um pouco mais sobre as pessoas, sobre a vida.
Quando se está viajando, todos que cruzam com você durante sua jornada estão em determinada igualdade de consciência, digamos assim. Pois estão abertos a interagir com os outros e a respeitar suas culturas por mais diferentes que sejam. Certa vez, no intervalo da aula de inglês, eu almoçava carne de porco junto com um amigo que fiz aqui. Ele nunca comeu e não poderia comer tal animal. Aliás, creio que isso é uma ofensa no país dele. Quando me dei conta, simplesmente pedi desculpas e ele apenas sorriu porque entendia a diferença das culturas. Nem eu tinha intenção de ofender, nem ele intenção de recriminar. Nós apenas continuamos a almoçar cada um com sua comida e compartilhando nossas vivências. Moral dessa pequena história: dois amigos com mais respeito pelo próximo, dando boas risadas e com boas histórias para contar. Já imaginou o poder desse respeito mútuo crescendo a cada dia mais e mais??
E antes que o velho conceito de viagem se apresente em seus pensamentos, saiba que dinheiro, filhos, casamento, parentes, trabalho, família e qualquer outro motivo, não são impedimentos para sair por aí pelo mundo. Não me canso de ver por aqui pessoas temporariamente sem grana trabalhando por acomodação e comida; famílias viajando juntas com filhos pequenos e até de colo; idosos em campervans, enfim, todo tipo de gente. Dia desses conheci uma senhora norte americana que devia ter uns setenta anos. Ela viajava sozinha. Encontrei-a descendo uma trilha pelas montanhas e enquanto conversávamos dava pra perceber o brilho nos seus olhos tão intenso quanto a cor prateada dos seus cabelos. Definitivamente incrível!
Viajar é tão essencial quanto comer porque a gente cresce. Ganhamos uma noção macro sobre as coisas, uma visão do todo. Nos desenvolvemos como ser humano para alcançar o próximo limite de nossa capacidade. Aguçamos nossos sentidos, exercitamos a compaixão e a gratidão. Ao conhecer novas realidades, na prática, na real, entendemos mais nossa própria realidade, descobrimos mais nossa autenticidade. E caso estejamos perdidos, podemos encontrar nossa própria identidade.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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