* Por Lali Schütze em 20 de junho de 2016
O México está no topo da minha lista de paixões. Isso não é segredo e quem me conhece sabe o quanto eu me sinto conectada com aquele país. A cultura, o artesanato, as pessoas, os lugares, a comida… tudo que vem de lá simplesmente me encanta!
A paixonite começou no ano de 2004 quando fui passar um ano lá como intercambista. Sim, já tenho um relacionamento duradouro e estável com o México e dele pude tirar várias lições, que pretendo compartilhar com quem deseja saber mais. Um dos momentos mais marcantes foi experienciar por duas vezes o de día de muertos, uma das principais datas do calendário festivo mexicano. No começo, tudo aquilo me pareceu pitoresco, estranho, bizarro. Como assim a gente celebra a morte? Esta não deveria ser uma data nostálgica, saudosa, fúnebre?
Pelo que eu me lembrava, pessoas iam até os cemitérios levar flores e lamentar a falta daqueles que já não se encontravam mais entre nós. Não, entretanto, no México. O día de muertos é comemorado nos dias 30 e 31 de outubro, 1 e 2 de novembro e tem uma conotação muito particular, da qual eu pude aprender algumas coisas – veja só que ironia – sobre a vida! Quer saber quais são estas lições?
Lá vai…
1) Ame e respeite quem te quer bem.
O día de muertos é uma celebração para estarmos em família e amigos. É muito comum, durante estes dias, que nas casas, escolas, comunidades… sejam montados altares de oferendas em memória de pessoas queridas que já se foram. São altares cheios de alegria e de significados, compostos por fotos de quem queremos homenagear. Flores e velas também são parte da decoração. Além disso, é feito um outro altar, à parte, para os desconhecidos, destinado às almas dos que não tinham família ou amigos mas que também merecem ser lembrados.
Por isso, perceba, neste momento, quantas pessoas são parte da sua vida! Quantas pessoas te querem bem. Quem são os que desejam que você obtenha sucesso, que você brilhe! Preserve, ame e cultive estes bons relacionamentos, pois é com estas pessoas que você vai poder contar, estando aqui ou não.
2) Saboreie e desfrute tudo aquilo que você mais ama nesta vida.
Os altares são uma das principais atrações do día de muertos. Juntamente às fotos, flores e velas, eles são compostos por comida e bebida. Tudo que a pessoa mais gostava de comer e de beber em vida, além do famoso pan de muerto e da tequila, são parte de um altar. Cada localidade também homenageia a morte com músicas e danças típicas. Em 2010 eu participei da organização de um festival dedicado ao día de muertos na Península de Yucatán e pude comprovar que existem milhares de danças, comidas, bebidas até mesmo artesanatos, dedicados a esta tradição.
Passar por esta vivência me trouxe a mensagem de que estamos em uma experiência humana também para isso: experimentar. Com consciência, claro, mas não se prive daquilo que você mais gosta. Saboreie, desfrute, coma, dance, cante! Não deixe o melhor pedaço pro final, use hoje aquela roupa que está guardada para uma data especial. Não julgue as diferenças, tente aprender com elas. A partir do momento que me dei conta disso, passei a perceber o agora como a minha única oportunidade e esta como a minha única vida. Até porque, nem aqui e nem lá no México, que eu saiba, ninguém nunca voltou pra contar história…
3) Encare a vida com mais leveza.
Se a gente parar para analisar, poucas coisas na vida exigem seriedade total. Por que então a gente tende a levar até coisas desnecessárias tão a sério? Por que colocamos tanta rigidez em nossas vidas? A maneira como os mexicanos encaram a morte – com naturalidade, com celebração e com respeito – me fez repensar vários aspectos da minha vida e perceber que faltava um pouco mais de leveza na forma como eu encarava coisas até mesmo do meu cotidiano.
Não leve tudo tão a sério. Permita – se viver momentos de alegria, de prazer, de contemplação. Admire uma paisagem, um pôr do sol, ainda que seja na volta do trabalho. Enxergue a beleza que existe em uma flor, aquela ali que fica no canteiro da rua. Desfrute a vida, meu amigo, porque se tem uma coisa certa, é que ela chega ao fim.
A tradição de día de muertos é algo singular e muito interessante. No entanto, não espere que montem um altar em sua homenagem para você relembrar daquilo que mais gostava em vida.
Imagens: arquivo pessoal, Pinterest
Lali Schütze é vagalume que começou a recalcular a sua rota na primeira turma e não parou desde então. Apaixonada por viagens e autoconhecimento, passou de concurseira frustrada a co-criadora da sua realidade. Atualmente, encontra-se na Itália vivendo a sua nova aventura: a cidadania italuana. Compartilha suas experiências na página SER ABUNDANTE!
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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