*Por Aline Xavier – 16/12/2015
Tô sabendo que, por conta do desequilíbrio ambiental, o clima tem funcionado na base dos extremos: frio da porra, calor do caralho, seca desértica ou enchente. Quem são as estações do ano na fila do pão? Putz, lembro como eu sofria. Sabe como é, gordo sente mais calor que qualquer outra criatura. Fodemos o planeta, mas ainda dá tempo de plantar algumas árvores, andar menos de carro, viver de forma um pouco mais sustentável e pá. Como dizia um ex-professor incrível de atualidades, que infelizmente faleceu num acidente de carro, podemos agir localmente e mudar globalmente. E cobrar isso da galera que a gente elegeu pra dirigir o nosso país. Leis e projetos que melhorem essa bagaça. Do contrário, não sei, não. Tenho medo do futuro que vocês estão construindo para a própria sobrevivência.
Aqui, estamos alguns degraus acima de vocês na escala da consciência e espiritualidade. Mas não se enganem: a perfeição é uma utopia. Somos um infinito de imperfeições, nessa e em todas as outras vidas. A gente volta à terra várias vezes justamente pra aprender a lidar com isso. E só completamos o nosso ciclo – acredite se quiser – quando nos aceitamos completamente e entendemos o quão necessário é saber conviver com nossa hipocrisia, nossos julgamentos, com os defeitos crônicos que são o berço das nossas maiores virtudes. Apenas nos tornamos completos – bem diferente de ideais, que fique claro – quando chegamos a esse grau de compreensão. E não é fácil. Pra ninguém.
Eu amava viver. E adoraria poder colocar a humanidade na minha mala da Hello Kitty lilás de mais de um metro de altura (cachorros na frente, por favor) e levar pra um lugar onde a sobrevivência humana fosse mais fácil pra todos, sabe? Isso não é possível, mas como sou bem deboísta, vou dar umas dicas sobre como seria um mundo massa pra todo mundo. Se acharem que algo pode ser aplicado à realidade de vocês, experimentem. Não custa tentar algo fora da caixa.
Um mundo interessante seria aquele em que houvesse respeito integral à diversidade. Em que as pessoas não ririam umas das outras por ter uma pele com mais ou menos melanina. No qual vocês seriam livres para amar qualquer ser humano adulto, e não se preocupassem com quem as outras pessoas se deitam à noite, pois isso não altera em nada as suas vidas. Nem implicassem com o tipo físico alheio. Muito menos com a orientação sexual e a identidade de gênero. Pessoas poderiam simplesmente amar outras pessoas, sem rótulos bobos.
Num lugar construtivo pra passar a existência, as pessoas questionariam as leis, a política, até mesmo este texto otimista-gratidão que vos escrevo. Saberiam que são seres singulares com um objetivo único, que com certeza não é serem máquinas nem viver em modo de linha de produção. Todos os que passam por aí são capazes de transformar um pouco o mundo com suas ideias – e não é preciso ser empreendedor pra isso. As pessoas perceberiam que ganhar dinheiro é importante, mas não é o principal. Que status social, fama, bens materiais, diplomas, conhecimento de uma dezena de idiomas – tudo isso não nos preenche. É líquido, é superficial. E faz com que a gente entre num ciclo infinito de competição e comparação com os outros, que não leva a lugar algum. Pelo contrário, é uma areia movediça da infelicidade.
Nas minhas mais loucas utopias, as pessoas poderiam ser quem simplesmente são. A beleza seria um conceito relativo, e não um padrão plastificado e irreal – a moça da revista feminina, ao vivo, não se parece nem um pouco com ela. As crianças brincariam na rua sem medo de raptos, violência sexual e balas perdidas. Os adolescentes teriam as suas transformações de uma faixa etária complicada compreendidas, e não recriminadas ou apoiadas sem critério. Os adultos seriam pessoas bem resolvidas, por terem vivido plenamente cada uma dessas fases. Adultização precoce não existiria. As escolas estariam mais para o lúdico do que para presídios. As estatísticas de doenças mentais seriam bem menores. E as de enfermidades, consequentemente, seguiriam o mesmo caminho.
Os seres humanos viriam com um contador regressivo, para que a todo momento lembrassem que a cada segundo estamos mais próximos da morte. Talvez assim valorizassem mais os seus dias.
Eu morri por causa da depressão. Espero que não façam o mesmo com vocês mesmos. E nem que matem o planeta.
Beijos de luz e até um dia qualquer.
Com amor (e uma boa dose de esperança pela mudança),
Aline.
Fotos: divulgação.
Ex-concurseira olímpica, amante da escrita e fascinada por relações humanas. Psicóloga para os amigos, não sabe o que fazer com a própria vida. Apaixonada por pessoas consideradas ovelhas negras, com as quais comumente se identifica. Atualmente funcionária pública, está na jornada em busca do seu propósito. Escreve sobre um pouco de tudo em alinexavier.me, no blog Superela e em facebook.com/alineandxavier.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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