Saí de casa meio sem vontade, sem energia, colocando no frio e no vento gelado as desculpas pra caso eu não conseguisse ser forte o suficiente e deixasse a tristeza tomar conta; pra caso eu mudasse de ideia e voltasse pra trás no meio do caminho. O frio e a depressãozinha que o inverno traz eram a justificativa perfeita pra que eu não me culpasse caso eu falhasse comigo mesma e me convencesse, mais uma vez, que o melhor era ficar em casa, quietinha, na minha.
Mas eu fui pra praia. Eu fui pra praia e percebi que, na verdade, estava sol. Havia crianças correndo, pássaros cantando, idosos caminhando, turistas turistando. O mar estava lindo num verde infinito que realçava ainda mais quando encontrava os raios de sol. Era tanta cor, tanta poesia, tanta vida. Tanta vida que eu não via. Não via porque eu estava lá no meu cantinho, onde tudo estava escuro, gelado, vazio.
Eu acreditei que o inverno tinha chegado e essa passou a ser minha realidade, a realidade que eu, sem perceber, criei pra mim. Esperneei e esbravejei porque o verão tinha ido embora e com isso eu não mais poderia andar de bicicleta ou caminhar lentamente até a praia vizinha pra tomar um sorvete ou ler um livro à beira mar. Xinguei e reclamei, reclamei das circunstâncias e “da vida como ela é”, pra em seguida acreditar que seria assim pelos próximos 6 meses e me conformar, afinal, não havia nada que eu pudesse fazer.
Não vi, porém, que enquanto eu reclamava, a vida continuava. O sol estava lá fora em todo seu esplendor, eu é que não conseguia vê-lo por causa da posição da minha janela, que me enganava. Eu não ousava colocar os pés lá fora para ver se a realidade que eu via era a mesma que o mundo me apresentava. Eu acreditei na estória que contei pra mim mesma e me ceguei pro que estava ali, na minha frente. Eu simplesmente não conseguia ver.
A verdade é que apenas alguns passos separavam meu inverno frio, triste e cinzento, de um dia claro, cheio de luz e alegria, típico do finzinho do verão. Mas eu precisei me dispor a levantar, me arrumar, sair e, uma vez lá fora, abrir os olhos pra enxergar. Voltei feliz, encantada e cheia de energia. Aprendi que, por mais clichê que pareça, nossa realidade é sim a gente que cria. Dias tristes e cinzentos fazem parte da vida, mas da próxima vez que você não conseguir sentir nada além do frio e enxergar nada além do mau tempo e da neblina, ouse, quem sabe, dar alguns passos para além do seu jardim. Dê uma chance. Quem sabe você também não encontre o seu verão.
Carol Sales se formou em Turismo pela Universidade Metodista de São Paulo aos 21 anos, casou-se aos 23, se separou aos 25, se mudou pra Nova Zelândia aos 26, conseguiu um emprego na sua aérea de atuação aos 27, virou gerente 3 meses depois e pediu demissão no auge da carreira. Nesse momento está em sua casa, em Auckland, trabalhando ativamente na (re)criação de sua carreira e de um novo estilo de vida, mais saudável e mais alinhado com seus valores mais profundos. Escritora desde criancinha, acredita como ninguém no poder transformador das viagens e está relatando, em tempo real, o dia-a-dia de sua mudança de vida no crisedos30.com, onde encarou o desafio de escrever todos os dias por 222 dias.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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2 comentários. Deixe novo
Fantastico, eu amei. Bem assim. Até mesmo em dias de chuva. Louise Hay falava de curtir as coisas simples da vida.
maravilhoso. Louise Ha sempre falava das coisa boas da vida até mesmo em dias de chuva