No final do ano passado, eu participei de um retiro com Gurudev Amrit Desai, um guru indiano que foi um dos primeiros a trazer o yoga para o ocidente. Vejam bem, eu nem sou muito dessas de guru, na verdade, cada vez mais estou em busca do meu guru interno (e acho que cada um de nós deve fazer o mesmo!), mas como foi super recomendado por uma pessoa que eu confio muito, decidi ir. Neste dia, eu fiz algumas perguntas para ele e suas respostas me ajudaram a entender melhor algumas coisas.
Eu estou passando um período muito estranho. O de não desejar mais tanto ter objetivos e sonhos. O de não desejar projetar mais esta ideia de sucesso como um lugar aonde a gente precisa chegar. Porque eu conquistei muitos objetivos e sonhos e percebi que não me sentia como eu achava que me sentiria ao conquistá-los.
Por momentos foi muito bom ver meus sonhos realizados, mas depois eu continuei sentindo que faltava algo e que estaria sempre correndo atrás da próxima coisa, sem necessariamente me sentir plena, como se a vida fosse apenas isso: conquistas.
E aí eu me tornei mãe e, sem necessariamente ganhar dinheiro ou fazer sucesso, sem “estar bombando”, sem um companheiro, ainda assim tinha dias em que eu me sentia TÃO realizada, tão bem. Não tinha nada de necessariamente especial acontecendo: não estava fácil, nem cor de rosa, mas eu me sentia presente. E eu sentia um estado de amor tão intenso que fazia com que eu não precisasse de mais nada naquele momento. Qual seria a lógica?
E então eu perguntei ao guru sobre isso…
Qual não foi minha surpresa quando, no dia seguinte, recebi várias ligações do meu amigo, dizendo que o guru queria muito me conhecer e me dar uma entrevista, porque ele tinha tido a percepção que eu era muito verdadeira e tinha uma capacidade muito grande de influenciar pessoas. E que este momento pelo qual eu estou passando poderia ajudar muita gente a entender melhor isso.
Ao invés de tentar entender, simplesmente aceitei o fluxo da vida para poder compartilhar esse conteúdo. Quem sabe precisava chegar até você. O resumo do que rolou é o que transcrevo abaixo…
Alana: Eu estou passando um período muito estranho. O de não desejar mais tanto ter objetivos e sonhos. O de não desejar projetar mais esta ideia de sucesso como um lugar aonde a gente precisa chegar. Porque eu conquistei muitos objetivos e sonhos e percebi que não me sentia como eu achava que me sentiria ao conquistá-los. Por um breve momento foi bom, mas depois eu continuei sentindo que faltava algo. E então será que eu precisaria mesmo escrever novos objetivos e sonhos no papel, se eu já sabia que atingi-los não me faria necessariamente sentir como eu gostaria. É possível viver sem tantos objetivos e sonhos, apenas confiando na vida?
Gurudev Amrit Desai: A maioria das pessoas vive assim, atrás de seus objetivos, e não há nada de errado com isso, mas a grande pergunta é para quem você está fazendo isso? Se você está fazendo o que faz para “provar algo para a sociedade” você vai ter um grande orgasmo no momento em que puder mostrar… olha o que eu tenho, olha o que eu conquistei… você eventualmente vai chegar neste pico e depois de todo pico há uma queda, porque você vai se perguntar: “o que disso tudo é realmente bom pra mim”?
Se a real motivação por trás de você conquistar seus sonhos era a insegurança e a necessidade de provar algo para alguém, tudo isso vai continuar. A insegurança continua. Se a motivação real por trás era medo, insegurança, a sensação de não ser bom o suficiente… tudo isso vai continuar e você vai precisar provar mais coisas pra mais pessoas. Essa é a motivação geral por trás dos sonhos: como provar para o mundo que eu sou melhor do que você!
Também o que acontece é essa hipnose coletiva de que as pessoas que atingem mais objetivos são aquelas que são mais populares e reconhecidas e então tá todo mundo agindo desta forma. Mas aí existem as pessoas como você, que chegaram aonde queriam e ainda assim sentiam este tipo de vazio.
Alana: Deixa eu colocar nas minhas palavras… então se eu estou feliz no caminho de conseguir o que eu quero, mesmo que eu não chegue lá, eu estive feliz no caminho. E se eu fui miserável ao longo do caminho, mesmo que eu chegue lá não importa porque eu estive me sentindo péssima o tempo todo.
Gurudev Amrit Desai: Exato, mesmo que você chegue lá você não sentirá o que desejava sentir, porque a prática foi a de se sentir infeliz, então isso vai continuar. Você pratica tanto isso que você não consegue sair deste estado, mesmo que consiga o que quer.
Alana: Então você precisa focar no que fazer no momento presente: o que o seu corpo deseja de você… o que o seu coração te diz… você precisa focar nisso e o resto vai vir sozinho?
Gurudev Amrit Desai: Deixa eu explicar isso de forma um pouco diferente…Por exemplo se você vai fazer um piquenique mas enquanto está se preparando briga com seus filhos, se preocupa… então a sua ação para a felicidade vira uma coisa infeliz, com a esperança de “quando chegar lá vai ser feliz”… esse é o jogo masoquista que as pessoas jogam e eles nem sabem que é masoquista. Não faz sentido ser infeliz para chegar à felicidade em algum lugar do futuro.
Alana: Saquei. Outra coisa que eu queria perguntar é sobre essa coisa da vibração… No Brasil, temos esse hype de que tudo é uma consequência de como eu estou vibrando. Mas eu me dei conta de que muita coisa ruim que me aconteceu na vida aconteceu quando eu estava vibrando super alto… eu estava no topo do meu jogo, me sentindo muito bem sobre o que estava fazendo e tal.. e de repente um buraco se abriu e tudo virou uma loucura. Então tá certo dizer que coisas ruins não podem acontecer quando você está vibrando alto?
Gurudev Amrit Desai: Me parece que a vibração que você está falando é da excitação, não a vibração de estar em paz com a realidade que você está vivendo agora. Quando você está nessa vibração, que eu chamo, estar “in the zone” (na zona) – paz com a realidade – tudo o que acontece é uma resposta a isso. Mas quando você é orientada pelo objetivo futuro, você reage a tudo o que acontece se não estiver “de acordo” com este futuro desejado…
Você vai ficar brava com as pessoas que não estão andando na mesma velocidade que você… você não se vê como a causa das coisas que acontece.
Uma vez que você se veja como a causa, você começa a estabelecer ligações com todo mundo e tudo o que você encontra ao longo do caminho.
Você começou a questionar as maneiras como você vinha trabalhando em direção aos seus sonhos… Os sonhos ainda vão acontecer, mas você vai estar feliz no processo. E você vai estar feliz mesmo que não aconteça, porque você vai estar feliz, porque praticou a felicidade. Conscientemente você viveu cada momento em harmonia com o que estava presente ao longo do caminho ao invés de esperar o final do caminho para ser feliz e estar chateado ao longo da jornada.
Alana: Como você descreve “a zona”… o que vc chamou de “in the zone” (estar na zona).
Gurudev Amrit Desai: É como alguns atletas fazem para ganhar uma maratona… eles saem da prisão da mente e eles vivem a vitória no corpo, desde a primeira respiração.
Alana: Mas você também disse que mesmo quando você está conectado as merdas ainda vão acontecer para levá-lo ao próximo nível de entendimento e aprendizado.
Gurudev Amrit Desai: Sim, não importa o quanto de coisas “certas” você faz, as coisas “erradas” ainda vão acontecer, porque essa é a natureza da vida. A vida é uma perpétua edição terapêutica. Você precisa aprender a encará-la. Não são só os objetivos que criam infelicidade, mas não viver o presente também cria. Quando você vive qualquer experiência que ativa a memória infeliz de experiências passadas, você fica infeliz… mas não é nem pelo que está acontecendo agora e sim pela ativação das suas memórias antigas de infelicidade. As memórias vivem no presente, mas a gente tem a opção de largar as memórias que nos fazem reagir.
Alana: Para começar a agir conscientemente ao invés de reagir ao passado.
Gurudev Amrit Desai: Sim, responder ao invés de reagir. Reação é algo do passado. Responder é do presente. O futuro é formado por viver aqui, aqui, aqui e aqui ao invés de lá, na mente.
Alana: E para as pessoas que estão se identificando e agora querem fazer a coisa certa… o que seria o certo? Parar tudo?
Gurudev Amrit Desai: Quase todo momento estamos chegando em algum lugar. Raramente estamos aqui. Quando estamos em qualquer outro lugar que não aqui, estamos na mente.
A motivação para conseguir as coisas não pode ser medo, não pode ser uma crença do passado, um sentimento de menos-valia… quando eu estou 100% presente, livre do medo e de apegos do passado, minha criatividade surge.
Alana: A aceitação do momento presente é também a aceitação de quem você é agora né?
Gurudev Amrit Desai: Exatamente. Por isso que as pessoas não querem fazê-lo. Um workaholic tá negando alguma coisa que ele não quer ver sobre si mesmo, então eles ficam tão ocupados “chegando lá”, mas estar aqui é tão difícil porque eu vou ter que me aceitar para estar aqui e agora, esse é um grande ponto.
Eu não coloquei aqui tudo que o Gurudev falou, porque muito já ouvimos de outras fontes. O Eckhart Tolle, por exemplo, fala de tudo isso com bastante propriedade. O que eu queria finalizar aqui pra vocês é que eu percebi que uma motivação interna que ficou clara pra mim através do que aprendi com o guru: muito do meu desejo por sucesso e reconhecimento era “provar que eu podia”. E isso partia de inseguranças minhas do passado. Portanto, minha motivação era o medo, a falta. A crença era a de não ser o suficiente, então precisava provar. E não importava o quanto provava, não mudava a raiz, não mudava o como me sentia, não mudava a crença (até porque ela estava inconsciente!). E como tava aparentemente “dando certo” não percebia que havia uma crença ali… mas a vida deu um jeito de me mostrar isso através de como eu me sentia.
Ao curar a crença, o sucesso se tornou menos relevante. Estou neste processo… Nesta nova fase, estou tentando arduamente não me preocupar com o reconhecimento, com o engajamento, com a repercussão. Fazendo o que eu realmente acredito e não o que eu acho que vai “dar likes” ou que as pessoas vão curtir. É preciso ser bem mais forte para isso. É preciso ter uma base muito sólida para que você sinta que está fazendo a coisa certa, mesmo perdendo seguidores e com pessoas criticando. Muito do meu trabalho está na desconstrução… desconstrução de padrões, de ideias criadas, de falsas imagens, de ilusões. Essas coisas não são gostosinhas, essas coisas não fazem sucesso na internet, porque não têm “passo a passo”, não te dão segurança e nem respostas. Pelo contrário, estou agora tentando deixar claro que a vida é insegura e que precisamos aprender a viver assim… que a vida é um mistério e ninguém sabe exatamente porcaria nenhuma (nem mesmo os gurus!), que nos apegamos aos conceitos das coisas e ficamos tentando compreender mentalmente porque somos incapazes de aceitar o que é e permanecer aí aprendendo com isso. Quando a gente aprende, o curso naturalmente muda. Quando a gente aceita, o que precisa acontecer acontece. O que a gente precisa fazer é parar de achar que existe “vida dando errado” e “vida dando certo”.
Tudo é vida, apenas consequências gostosinhas e boas para o ego ou aparentemente chatinhas, mas boas para o ser.
Tudo o que acontece está aí para mostrar o caminho. Tudo o que acontece é bom. Não tem essa de “vibre em alta frequência e nada de mal acontecerá”. A gente vibra em alta para o presente ser bom, para que nosso corpo se sinta bem mas o que tiver que acontecer acontecerá da mesma forma. Porque não existe este dia em que a evolução se concluiu, agora sou uma pessoa autoconhecida. Não existe. Sempre existe um próximo nível de aprendizado e se precisar rolar umas merdas pra você chegar lá, então é isso que vai acontecer.
O que pode sempre melhorar é a nossa visão sobre as coisas que acontecem e, quando enxergamos com clareza, novas possibilidades se abrem. Precisamos parar de julgar as coisas como boas ou ruins, mas sim exercitar a capacidade de enxergar mais possibilidades.
Durante a minha maternidade, a vida estava aparentemente difícil, mas se eu estivesse realmente ali, tudo ficava lindo. Eu não estava tentando que fosse outra coisa, eu me entregava para o que era. Com isso, ficava bom.O momento presente contém a chave para a nossa realização. Não quer dizer que você não possa almejar coisas ou direcionar a minha vida para os meus desejos. Mas é preciso entrega para a inteligência superior. Então entregue-se de corpo e alma ao fluxo lindo da existência porque a engrenagem está rodando com perfeição e você é parte vital dela.
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Alana Trauczynski é empreendedora digital, autora de “Recalculando a rota” e criadora de dois programas de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal mais reconhecidos do mercado: o Programa Recalculando a rota e o Programa Shine, ambos com nota máxima na avaliação dos alunos e eficácia comprovada por centenas de depoimentos (veja aqui). Ela viajou o mundo por 13 anos e acumula cursos e formações internacionais em coaching de carreira, life coaching, ho’oponopono, ativismo quântico, Diamond Approach e muitas outras técnicas e ferramentas. Recentemente também foi escolhida entre milhares de empresários do mundo todo a participar do Programa Executivo da Singularity University, universidade no Vale do Silício que é uma pareceria entre o Google e a Nasa para a formação de novas lideranças mundiais. Para conhecer melhor seu conteúdo, acompanhe o canal do Telegram.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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