Quem de nós nunca se sentiu um fracasso ao descobrir que tinha defeitos fodas pra caramba pra tratar? Quem nunca prometeu para si mesmo que ia mudar, mudou por um tempo, e depois se viu cometendo o mesmo erro novamente? E ainda, quem nunca desejou encontrar uma outra pessoa para se relacionar que fosse livre de defeitos só para você não ter que se estressar com ela? O fato é que perfeição ainda é sim um estágio muito buscado por todos nós e que sem sombra de dúvidas já foi motivo de muita frustração pra toda nossa sociedade. Isso porque perfeição é algo inalcançável e por mais que nós já estejamos carecas de saber, talvez ainda não tenhamos assimilado com o coração.
Digo isto por experiência própria. Por muito tempo eu achei que estava bem resolvida com essa história de buscar ser perfeita. Eu gritava aos quatro ventos “foda-se, eu não sou perfeita” (talvez pela necessidade de reafirmar essa verdade pra mim mesma até o ponto de acreditar nela). Mas a verdade é que volta e meia eu me frustrava ao perceber que havia errado de novo, ou ainda, que havia mais um defeito em mim que eu nem sabia da existência. E foi numa dessas quedas emocionais que eu percebi: porque cargas d’água a gente sofre toda vez que percebe que tem algo a mais pra ser melhorado em nós? Não seria isso um sinal do quanto ainda estamos desejando ser perfeitos?
Dei a tudo isto o nome de “paranóia do autoconhecimento”, já era assim que eu tava me sentindo: numa grande nóia. Porque vamos e convenhamos, quanto mais a gente trabalha para se conhecer, mais a gente acha que se conhece. E ao perceber essa evolução, vamos também fazendo crescer dentro de nós uma esperança de estarmos chegando cada vez mais perto do “pote de ouro”. Só que não há este pote de ouro. Não aqui. Nós sempre vamos dar um passo a frente e ainda assim teremos mais passos a dar. Sempre haverá mais um comportamento negativo, sempre haverá mais um sentimento desconhecido, e sempre haverá mais um caso não resolvido. Nós nunca vamos chegar lá. Nós nunca vamos parar de nos conhecer e nos trabalhar.
Foi aí que me dei conta de que realmente não fazia sentido continuar desejando essa tal perfeição e substitui este desejo por um outro muito mais simples e muito mais real: o de permanecer apenas consciente pro resto da vida. Porque ao passo que perfeição é algo inalcançável, consciência é algo que muitos de nós até já conquistamos. E se formos parar para pensar, isto é tudo de que precisamos. Uma pessoa consciente de si pode até errar, mas percebe seus erros e trabalha para consertá-los. Uma pessoa consciente torna-se – ainda que cheia de defeitos – uma pessoa de fácil convívio, pois ela será cada vez mais compreensiva com as suas próprias limitações e as dos outros.
Buscar a perfeição, por melhor que sejam nossas intenções, acaba nos tornando pessoas arrogantes, frustradas e excessivamente críticas com os demais e com a vida. Além do mais não passa de uma eterna busca. Já apostar na consciência como meta, além de nos dar um sentimento de que somos capazes, nos torna mais humildes, pacientes e alegres. Cessam as expectativas, cessam as frustrações, cessam os sofrimentos. Nos tornamos eternos aprendizes e nos divertimos a cada novo “defeito” descoberto. Acabamos por transformar o nosso processo numa grande brincadeira e paramos de ter que afirmar pro mundo todo que não somos perfeitos, porque já aceitamos isso de coração.
Não há perfeição, mas se houvesse, eu diria que ser perfeito é ser consciente. Ontem, hoje e amanhã.
"Eu sou uma buscadora, dando meus passos no universo. Tentando entender, tentando digerir a vida. Eu não quero parar até encontrar de fato tudo o que venho buscando: dar todo o meu amor!"
– Autor desconhecido
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